"O que é o tempo? Um mistério - irreal e todo-poderoso. É condição do mundo sensível, é movimento associado e mesclado com a existência dos corpos no espaço e com a sua dinâmica. Mas deixaria de haver tempo, se o movimento desaparecesse? Deixaria de haver movimento, se o tempo se dissipasse? Perguntas inglórias! Será o tempo uma função do espaço? Ou vice-versa? Ou serão ambos idênticos? Tudo questões sem resposta! O tempo é dinâmico, tem uma natureza verbal, o tempo «produz». O que produz ele? A mudança! O Agora não é o Antes, o Aqui não é o Ali, porque entre eles se interpõe o movimento. Mas como o movimento - bitola pela qual se mede o tempo - é circular e fechado sobre si mesmo, pode ser visto como movimento e mudança ao mesmo tempo, uma mudança que também se poderia designar por imobilidade ou estatismo, já que o Antes se repete sem cessar no Agora e o Ali no Aqui. Uma vez que, por outro lado, nem a imaginação mais fértil consegue idealizar um tempo finito e um espaço limitado, o homem decidiu concebir o «tempo» e o espaço como sendo eternos e infinitos - obviamente na expectativa que tal decisão produzisse efeitos, senão ideais, pelo menos mais satisfatórios. Não acarretará, porém, a instituição do eterno e do infinito a destruição lógica e matemática de tudo o que é limitado e finito e a sua redução aproximada a zero? Será que o eterno possibilita a sucessão e o infinito a contiguidade? Como podem conviver estas suposições forçadas, chamadas eterno e infinito, com conceitos como distância, movimento, mudança ou a simples existência de corpos delimitados no universo? Perguntas vãs!"
terça-feira, 25 de maio de 2010
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caramba
ResponderEliminargrande dissertação
gostei
"já que o Antes se repete sem cessar no Agora e o Ali no Aqui.
beijinhos Marta
adorei :) tens de ler o Jovem Törless, definitivamente!
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