Nico Muhly

Eu desisti de falar de música. Já não falo sobre música. Raras excepções são ocorridas, mas perco a paciência quando me respondem sobre pessoas gagas ou cantores sub16 de cabelo à surfista. Também desisti de falar de cinema, porque sagas vampirescas não constam no meu dicionário (de reduzida memória, mas apreciação exigente). Desisti de falar de livros porque o nome (nicolas) sparks faz-me lembrar um cão e não literatura, pelo que os clássicos se acumulam nas mesas de cabeceira e nas estantes, não sendo divulgado o seu valor. Desisti de falar de solidariedade porque em 1700 pessoas de uma comunidade, apenas 3 lutam pelos valores morais. Desisti de falar de desporto porque só me falam em pontuações e espírito competitivo, ao invés de sensações e bem-estar interior. Desisti de contar piadas porque nem sequer as percebem e não gosto de dar explicações. Deixei de falar de arte porque em situações normais só poderia referir Mona Lisa ou Guernica (às vezes ainda ouso falar em Kokoschka para que as pessoas o associem a cocó e - mais uma vez - confundam a minha nacionalidade). Desisti de falar sobre política porque ainda me espanta o facto do namorado do Paulo Portas não poder usar mini-saia para que não se vejam os tomates (culpem a psicologia).
Sim, sou uma pessoa calada.

E isto tudo para chegar à conclusão de que hoje abro a excepção à regra para lançar louvores ao senhor Nico Muhly. Estou sempre a dizer que amo este, este e este. Este não amo porque tem cara de psicopata género Hitchcock. O certo é que isso não interfere na sua grandiosidade como compositor, portanto oiçam o Mothertongue e o Speaks Volumes com atenção se faz favor.