Dança da morte

Profundas ondas sonoras rebentam simultaneamente, caindo quase que em instantâneo no profundo abismo. O corpo mantém-se direito, imóvel. Ouvem-se vozes, murmúrios, palavras soltas em ecos lamacentos. Como reacção, o tronco dobra-se para trás, de modo a que os longos cabelos quase toquem no chão, enquanto o rosto molhado observa um céu negro. Pernas direitas, tronco dobrado. Ergue os braços. As mãos anseiam algo cosmológico e poderoso. Torcem-se, enrolam-se. Até que chega, provindo do abismo, o que o corpo pedia. Acompanham choques eléctricos, as batidas do coração.

Acaba caído.

Corpo morto, mas sentido.