Às vezes espero por um desastre. 

Uma intensa ânsia de procurar razões para a tristeza profunda.

Aposto que ao fazer o pino, Aquiles dos pés gelados (calcanhar roto também se usa), pensou sete vezes seguidas, e sete vezes seguidas repetiu, em voz alta e decentemente projectada: "Olimpo guardar-me-á longe das grandes forças mortais, Olimpo proteger-me-á com afinco dos males incestos!". Mas Zeus, poderoso e gozão, como sempre, lançou uma pomba branca de grandes garras, transportando (cansada) dois trovões. Dois trovões grandes, muito grandes, cada um deles com uma mensagem - grande, muito grande! "Caro Aquiles, aquilo que pensas e repetes dá-me vontade de. (ponto, sim, ponto!)" e "Marta, pára de brincar com os meus servis guerreiros!".

Pena o ano ter começado assim.

Estou com vontade de dançar danças latinas. Deve ter sido para aí que foi a minha inspiração à meses escassa.

Krishnamurti pronunciou que o sentido que todos procuramos para a vida (o qual nunca chegamos a encontrar), é apenas viver. Desiludiu-me. O meu sentido não pode ser apenas viver; viver sem sentido não é viver, pois não? Ando neste momento perdida em decisões, rumos, materialismos, purismos, anarquismos, futilidades, leituras, culturizações, confusões ... para no fundo, no final de todos os pontos de interrogação, chegar à conclusão de que vivo, e isso basta?

Talvez viver a sentir me bastasse ... ainda não sei, nem hei-de saber.

Tenho tudo o que quero, e não tenho nada. Falta-me tudo o que já tenho.